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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

COPEL DESCONSIDERA RISCOS AMBIENTAIS E SÓCIO-ECONOMICOS DO “FRACKING”, CONDENADO PELO PAPA, PARA GERAR ENERGIA NO PARANÁ

Zuleica Nycz* e Ivo Pugnaloni**


Fernando Pino Solanas, senador argentino e autor do vídeo abaixo ao lado do Papa
Na Argentina, na província de Neuquén, as famosas maçãs daquela região, estão proibidas de entrar na União Europeia. 

Também estão proibidos de entrar na Europa os produtos de origem animal contaminados pelos produtos químicos tóxicos que inundaram os lençóis freáticos daquela região, como pode ser visto neste filme de Fernando Pino Solanas que todos os que atuam em atividades agroindustriais de qualquer porte deveriam assistir, antes de festejarem que “tem petróleo no meu quintal e não preciso mais trabalhar”, como pensaram alguns “red necks” americanos que agora se arrependem até o fundo da alma, vendo o valor de suas terras caindo em até 90% depois da contaminação de seus rios e poços pelo uso do “fracking”, que é uma forma de extrair depósitos residuais, de pouco volume e de pequena vida útil de óleo e gás.

Prepare-se o leitor para um artigo relativamente longo, para os padrões da internet. E fique alerta, pois depois de lê-lo, sua postura sobre a questão ambiental pode não mais ser mais a mesma.

É muita coisa que precisa ser clareada, pois está escondida, principalmente dos agricultores familiares e de todos os que atuam na cadeia agroindustrial, que podem ser muito prejudicados com essa verdadeira “conversa para boi dormir” que vem sendo armada há anos dentro da Agencia Nacional do Petróleo: o “fracking”, produção de energia elétrica a partir de depósitos residuais de óleo e gás em poços de curta vida útil, extraídos por um método devastador para o solo, ar, as aguas superficiais, subterrâneas, e que afetará a segurança dos grupos indígenas e das unidades de conservação, ameaçando igualmente e de forma devastadora toda a nossa economia baseada nas atividades agroindustriais no Estado do Paraná.


Voltando dez anos na História do Paraná. 

A empresa alemã RWE, em 2001 quis comprar a COPEL, mas não conseguiu. 

A estatal estava à venda por pouco mais de 30 dinheiros, pelas mãos do ex-governador Jaime Lerner.Preparou-se todo um circo para vendê-la. Na época, vários sabichões diziam que “a COPEL só dá prejuízo”, “atende mal ao cliente”, “a energia cai à toa quando chove” e outras acusações que eram, não um “defeito da estatal” mas sim fruto da má gestão da estatal naquela época. 

Uma época em que se deixou, por exemplo, por quatro anos, de fazer a poda das árvores sob as linhas de distribuição, alegando-se ser necessário fazer “economia de recursos”, sem lembrar que isso provocaria muitos apagões locais a cada temporal, diminuindo a receita, pois durante esse período a empresa não fatura e ainda tem enormes prejuízos operacionais para reestabelecer o fornecimento de energia. 

Segundo alguns empregados da empresa, esse tipo de “barbeiragem” pode ter sido feita de propósito para justificar a “venda do abacaxi” perante a população e os deputados estaduais, que em 1997, votaram a lei que permitia a venda da empresa numa Assembleia Legislativa que estava às escuras, sem energia, sob as gargalhadas histéricas da bancada do governo que defendia a venda da empresa como um elefante branco, que só dava prejuízo. 

Acontece que sem que houvesse nenhuma chuva, nenhum vento, nem nenhum acidente com poste, naquele dia e naquela hora, todo o Centro Cívico, em Curitiba, ficou apagado durante duas horas no inicio da votação. 

Impedida a venda da empresa e mudada a gestão, o “abacaxi COPEL” proporcionou aos acionistas lucros fabulosos durante os 10 anos seguintes, até o ano passado. 

Vale a pena lembrar que a mobilização reuniu de entidades de peso, de vários setores como a CUT, o CREA, a FIEP, a FAEP, a OAB, a OCEPAR, o SENGE, o MST e mais 400 entidades do Paraná e cerca de 170 mil assinaturas de paranaenses de todos os municípios, reunidos pelo “Fórum Popular contra a Venda da COPEL”, impediram aquele “sonho” dos que gostariam de vender a “joia da Coroa”. 

Sucessivos leilões realizados resultaram desertos, sem interessados, pois a mobilização dos paranaenses mostrou que não seria fácil e daria muito trabalho aos compradores dobrar a espinha e iludir toda uma população. Finalmente, a ocupação da Assembleia Legislativa pela juventude curitibana acabou por dar um fim aquela vergonhosa maracutaia, onde não faltou o voto de um deputado do governo que foi trazido de maca do hospital para votar.











“Eles” não desistem. E tentam voltar de novo. 

Agora de “carona”, com a ajuda da ANP , querem gerar energia elétrica com gás residual que pode ou não existir ( não há nenhum estudo conclusivo sobre isso ) usando o processo mais sujo, mais ambientalmente agressivo e energeticamente mais pobre, proibido em muitos países do mundo.


Também conhecido por nomes mais suaves como o “gás extraído por processo-não convencional”, gás de xisto, ou “shale gas” para os anglófilos mais inveterados.

Agora, “eles” voltam para tentar, no leilão do dia 28 de novembro, terminar o serviço que começaram em 2001, quando o povo paranaense não deixou. Agora, na surdina, sem dizer nada a ninguém e sem promoverem qualquer consulta à sociedade paranaense, querem explorar gás pelo método do fracking, ou “gás não-convencional” que é condenado em todo o mundo, menos pelas autoridades dos EUA, é claro, onde foi criado. 

E com ele querem gerar energia elétrica com termoelétricas “na boca do poço”, bem no meio da riquíssima região Oeste do Paraná, onde prosperam as cadeias produtivas da agroindústria de todos os portes, incluindo a agricultura familiar, orgânica e agroecológica, que ocupam os primeiros lugares mundiais em produção, sanidade, produtividade e tecnologia.

Ela, a RWE, a mesma empresa alemã que Lerner queria que comprasse a COPEL, está de volta no pedaço. 

Junto com a COPEL estão a Tradener e outras empresas desconhecidas, que juntas vem concorrer no Leilão do dia 28 a ser realizado no Rio de Janeiro, para testar o fracking no Paraná, na região mais rica do estado em termos de agricultura, avicultura e suinocultura, que estão sempre em constante atenção para não sucumbir ao bloqueio das autoridades sanitárias dos países importadores, nos quais os governos ajudam seus produtores a sempre que possível, embargar produtos do Brasil e dos demais concorrentes, ao menor sinal de risco à saúde de sua população.

Curiosamente, Santa Catarina e Rio Grande do Sul também estão na Bacia do Paraná, mas não terão este verdadeiro ato de guerra sem armas visíveis levado aos seus territórios. Isso significa que o prestígio do Paraná está mais alto, ou mais baixo, lá em Brasília? De toda forma, lá os concorrentes das industrias que operam no Paraná estarão a salvo das consequências do fracking sobre seus produtos.


“Testar o quê, poderíamos perguntar à ANP...

E um “teste” assim, com a cessão de 169.000 quilômetros quadrados não é teste coisa nenhuma! 

É prá valer! Isso é uma área maior do que os estados do Rio de Janeiro e Pernambuco juntos!

Essa é uma pergunta que podia ser convertida até em bordão: “Testar o quê, anepê?” 

Afinal o que a ANP quer testar no Paraná? Querem testar se o fracking produz óleo por um ano e aí o poço vai secar? Ora, é isso mesmo que acontece com o fracking, como vocês já sabem, senhores dirigentes da ANP...

O gás de fracking dura pouco mais de um ano em cada poço e vocês já sabem disso perfeitamente, como mostra o gráfico abaixo, que retiramos da apresentação feita por vocês ao Senado Federal em agosto. 

Tudo sem chamar ninguém do IBAMA, do Ministério da Agricultura, nem do Ministério do Meio Ambiente

Não precisariam vir aqui, contaminar nossos lençóis freáticos e os aquíferos Guarani, Acre, Parecis, Parnaíba, Bauru e Urucuaia pra saber disso! 

Talvez queiram testar se há vazamento de metano pelo solo fraturado por milhares de explosões para os aquíferos? 

Ora, isso o EPA dos EUA já provou e as imagens abaixo e depoimentos não deixam dúvida. 

Aliás, a própria atividade de pesquisa, que costuma anteceder qualquer exploração industrial, é muito perigosa no caso do fracking, e só poderia ser feita se houvesse comprovação de tecnologia segura, um marco regulatório específico estabelecendo todos os critérios e obrigações, e capacidade técnica dos órgãos ambientais para licenciarem e fiscalizarem tal atividade – o que não existe.

Um método já proibido no mundo todo, “fracking” foi piorado para gerar a impressão de que era bom.

O método do fracking ou faturamento hidráulico e seus efeitos terríveis são conhecidos há mais de 40 anos. E por isso ele só foi permitido nos EUA em 2005, quando amedrontado pelo terror dos atentados de Onze de Setembro e de “ficar sem gasolina”, o manipulado povo americano e seus representantes, deram a George Bush o direito de editar a Lei das Exceções, que isentou as empresas produtoras que usassem a técnica do fracking não obedecerem a nenhuma legislação ambiental sobre a qualidade da água e do ar. Um tipo de isenção que, segundo informa a própria ANP, já pode ser operacionalizado no Brasil por meio da Lei Complementar 140/2011, que em seu artigo 7º permitiria, segundo a vontade da União, retirar dos órgãos ambientais, tanto do IBAMA como do IAP, FATMA e demais órgãos estaduais, a competência para licenciar esse tipo de processo.

O fracking já é proibido por Lei na França, na Bulgária, na Irlanda, na Irlanda do Norte e está sob discussão em todos os países da Europa. Na Polônia, os agricultores estão preocupadíssimos e mesmo sem quase nenhuma informação governamental, contando com a ignorância dos lavradores dos lugares mais pobres e mesmo com as bênçãos discretas da poderosa igreja católica local ao fracking, começam a recolher dados e a mobilizar-se. Foi graças aos fortes protestos da população, François Hollande, primeiro-ministro francês, fez a Assembleia Nacional aprovar uma lei da moratória do fracking. Na Inglaterra, Romênia até a igreja ortodoxa está contra, Holanda, Canadá, Espanha , Costa Rica, as populações e suas entidades representativas, começaram se mobilizar pela moratória ou simples proibição, pois terremotos, que segundo os sismólogos são causados pelo fracking, já alcançaram 4,5 pontos na escala Richter. Até na África do Sul.

No começo de 2013 o governo da República Checa cancelou as duas concessões de exploração de gás de xisto anteriormente concedidas pelas autoridades à empresa australiana Hutton. O ministro checo do Ambiente, Tomás Chalupa, considerou que “os municípios não possuíam as informações necessárias para a avaliação das questões relativas à proteção de fontes de água potável, ambiente e paisagem.”

A conduta mais sensata dos dirigentes políticos também ocorre na Bulgária, que proibiu o fracking de “forma permanente”, e na Romênia, onde os políticos parecem estar suficientemente esclarecidos da importância de colocar o Princípio da Precaução na base da sua política estratégica de Estado, pois os verdadeiros políticos são aqueles que se colocam corajosamente à frente da sociedade para protegê-la e não vão atrás de qualquer bobagem ou armadilha, criada por países concorrentes, para afundar sua economia. Na Roménia, o novo governo de Victor Ponta, também decidiu congelar a exploração de gás de xisto. O novo programa económico do Governo romeno estipula, nomeadamente, que "vai ser introduzida sem demora uma moratória sobre a exploração de gás de xisto, enquanto se aguarda a conclusão da investigação europeia sobre os efeitos da injeção hidráulica sobre o ambiente".

Os opositores deste método argumentam que esses produtos químicos são tóxicos e podem contaminar a água, o que os exploradores refutam. No ano passado, a França foi o primeiro país a proibir o uso desta tecnologia, seguido pela Bulgária. Agora, a fratura hidráulica também levanta dúvidas aos ministros alemães do Meio Ambiente – Norbert Röttgen – e da Economia – Philipp Rösler, relata o semanário Der Spiegel.

De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), a França é com a Polónia, o país europeu com o maior recurso de gás de xisto. As duas bacias de xisto de petróleo potencialmente ricos na França são o Nordeste e Sudeste do país . Nada menos do que 64 licenças de exploração já haviam sido emitidas em 2010 por Jean-Louis Borloo, ministro da ecologia ( vejam só! ).

Em 13 de julho de 2011, através da Lei 835 de 2011 a França tornou-se o primeiro país a proibir o fraturamento hidráulico, um método considerado altamente poluente . No entanto, hipotéticas novas técnicas de fraturamento de xisto não são afetados. Assim, com o resultado da votação, três licenças de exploração, num total de 64 concedido pelas autoridades francesas foram canceladas . 

Mas entidades ambientalistas se disseram preocupadas com as 61 outras autorizações ainda em vigor na França e também com o artigo 4 º da lei, permitindo "testes exclusivamente para pesquisa científica sob controle público". Em dezembro de 2012, embora a França negue testes operacionais e técnicos em seu próprio território, assinou um acordo com a Argélia para a busca de gás de xisto nesse país, que também seriam dotado de um potencial significativo . 

Em 31 janeiro de 2013, seguindo a indicação da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o Gabinete Parlamentar de Avaliação das Opções Científicas e Tecnológicas (OPECST) autorizou o deputado Christian Bataille e o senador Jean-Claude Lenoir a realizar um estudo aprofundado de tecnologias alternativas ao fraturamento hidráulico . O relatório vai elaborar um inventário das tecnologias existentes e construir comparações de práticas internacionais, vai discutir do impacto geopolítico e econômico da exploração de gás de xisto.




Quem realmente ganha com o “fracking”?
Apesar de combatido em todo o mundo, e mesmo nos EUA pela população atingida, o fracking é festejado pelo governo norte-americano como “milagre de nossa independência petrolíferaapenas pela mídia corporativa e pelos políticos ligados aos detentores dos direitos de fabricação sobre a fórmula de 609 componentes químicos que são injetados no subsolo, sob a pressão de 5.000 atmosferas, para fazer o metano se desprender dos folhelhos. Mas antes disso são provocadas explosões violentas que quebram o folhelho em várias direções, razão pela qual depois de explosões já provocaram terremotos de 4,5 graus na escla Richter pela acomodação das camadas após o seu faturamento.

As empresas que produzem o fluído, denominado “fracking fluid”, têm logicamente um enorme interesse econômico em que o fracking se multiplique pelo mundo. Mas a composição do conteúdo dos fluídos – que é misturado com água antes de ser injetado - não é divulgada por conta de Leis de “segredo comercial”. 

Para disfarçar, alegam que a quantidade das substâncias tóxicas contidas nos fluídos é pequena, menos de um por cento do total da água injetada...Essa é uma desculpa bisonha, que zomba da inteligência de todos, contando com a repetição com que será difundida pela mídia corporativa que geralmente apoia o fracking com entusiasmo dizendo “é uma Revolução!”

Esses fabricantes costumam dizer que “a solução utilizada no fluído“ contém “menos de 1% de agentes químicos, geralmente idênticos aos encontrados em alimentos ou em cosméticos”.Essa alegação não traz nenhuma segurança aos cidadãos e ainda menos aos cientistas.

Afinal, se não é possível saber quais são as substâncias químicas utilizadas, em que quantidades cada uma é usada no coquetel do fracking, e qual é a sinergia entre elas e no ambiente fraturado, não se pode muito menos saber qual a magnitude dos danos que causam à saúde e ao meio ambiente. 

Vamos abstrair um pouco essa questão da periculosidade das substâncias “secretas” e dar o benefício da dúvida aos nossos envenenadores “qualificados e habilitados” pela ANP, assumindo que, tal como eles dizem, os fluídos representam “menos de 1% do líquido aplicado nos poços”. 

Digamos que o volume do fluído contendo os produtos químicos represente apenas 0,5% do volume total do líquido injetado (fluído + água doce) no poço durante a sua vida útil, com o propósito de extrair o gás.A pergunta seguinte é saber quanta água doce é consumida em cada poço perfurado nos EUA. 

Não há na internet nenhum registro de quantidade de água por poço abaixo de 2,6 milhões de galões, conforme a National Geographic , a State Impact e a The Energycollective, em pesquisa feita por um professor do Massashussets Institute of Technology que estimou em mais de 5 milhões de galões por poço em toda a sua vida útil.

Vamos fazer o nosso cálculo adotando a menor quantidade encontrada, a da National Geographic, que é 2,6 milhões de galões por poço/vida útil.

Se cada galão tem 3,78 litros, serão 9,82 milhões de litros por poço.Permitam nossos leitores arredondarmos para 10 milhões de litros.

Se cada 1000 litros perfazem 1 metro cúbico, teremos o gasto de 10 mil metros cúbicos de água por poço/vida útil. 

Sabemos que esse número fará os que combatem o fracking há mais tempo pularem das cadeiras, pois para eles a quantidade real é por volta de 30 mil metros cúbicos por poço/vida útil.

Vamos dar o benefício da dúvida aos fabricantes do “fracking fluid” uma vez que eles agem amparados em licenças e programas oficiais dos governos, que em princípio não podem mentir, pois têm fé pública.

Ora, se em cada poço o fracking usa 10 mil metros cúbicos de água doce misturada a produtos químicos tóxicos, e estes representam 0,5% do volume total, como assumimos das informações que nos ensinaram nossos fabricantes - teremos a cada poço, 0,5 metro cúbico ou 500 litros de venenos para a saúde humana e para quase todo tipo de vida vegetal e animal.

Se os venenos representam 0,5 metro cúbico por poço/vida útil, nos 400.000 poços já perfurados nos EUA eles totalizam a espantosa quantidade de 200.000 metros cúbicos de venenos injetados no solo, vazando pelas fendas feitas pelas explosões no terreno e pelos próprios poços, e daí para milhares de fraturas e veios que a agua faz no seu caminho para os lençóis freáticos e para os aquíferos mais profundos.

Para ter uma ideia do tamanho físico dessa quantidade de água, vamos imaginar que colocássemos esses 200.000 metros cúbicos em caixas de água, cada uma com 1 metro de largura e 1 metro de altura, ou, um metro cúbico.

Pensem leitores: se empilhássemos essas caixas isso daria uma torre de 200 mil caixas d’água de 1000 litros cada, portanto 200 mil metros de altura por um metro de largura.

Se cada 1000 metros equivalem a um quilômetro, nossos fabricantes do “fracking fluid” secreto já teriam erguido uma “torre” com 200 km (duzentos quilômetros) de altura, abarrotada de venenos em volume equivalente ao que já foi injetado no solo do Tio Sam, construindo assim um lindo monumento, um obelisco tão alto que alcançaria a IONOSFERA, camada da atmosfera que fica entre 80 km e 400 km acima da superfície do planeta.

Se esse monumento já tivesse sido construído, a Sandra Bullock e o George Clooney teriam batido nele e não “num satélite russo, como a propaganda hollywoodiana preferiu imaginar, é claro. E o nome do filme não seria “Gravidade”, mas, por exemplo, “Indiferença de um Governo fraco”. Ou “Insanidade Completa”, “Lucro a qualquer custo”, “Dane-se o Meio Ambiente” ou outro mais original.

Calculemos agora a quantidade de água usada e contaminada definitivamente. Se forem 10.000 metros cúbicos por poço/vida útil e temos 400.000 poços já perfurados nos EUA, a conta é que já teriam sido contaminados só de água injetada nada menos do que 4 bilhões de metros cúbicos de água! Sem falarmos na água que havia no subsolo e que se misturando à injetada, agora está contaminada também, com pelo menos 600 produtos químicos tóxicos. É por isso que em todas as fotos e vídeos aparecem tantas carretas transportando água e produtos tóxicos.

E quais são os produtos químicos usados no “Fracking Fluid”? 

A partir do líquido que vaza das carretas nas estradas, os pesquisadores já identificaram o bário, o arsênico, o querosene, o etil-benzeno, o manganês, vários compostos de glicol, metais tóxicos e outros interferentes hormonais que são cancerígenos conhecidos ou comprovadamente causadores de doenças graves, sendo mais vulneráveis justamente as mulheres grávidas e em fase de amamentação, e as crianças. 

Imagine o leitor a dificuldade das comunidades e das autoridades para proteger a saúde da população. Sem conhecer a lista dos produtos químicos usados no fluído, os médicos não podem fazer diagnósticos e prescrever tratamentos aos expostos. 

Além disso, devido ao “direto ao sigilo” concedido pelos governos aos fabricantes, estes não estão obrigados a revelar a fórmula, dizendo-se estar “amparados” numa lei de segredo comercial que foi aprovada por sua bancada de legisladores fieis e muito bem remunerados. 

Esta lei, claramente inconstitucional, passou no Congresso apesar de não respeitar o direito à informação e a prioridade da proteção da saúde e do meio ambiente sobre os interesses econômicos. E sem saber o conteúdo da mistura, as autoridades ambientais não podem avaliar os riscos de transporte e armazenamento dos resíduos e do próprio fluído para decidir sobre possíveis autorizações. 

Além disso, os profissionais da área médica e de defesa civil não podem responder apropriadamente aos acidentes e às emergências, não podendo desenvolver nem mesmo planos de contingência, pois tudo é “segredo comercial”. 

Mas o leitor não perca de vista que quando falamos de substâncias tóxicas a questão da quantidade não é ainda conclusiva dado que a sua alta periculosidade e o sigilo sobre suas características não nos permite concluir uma relação direta entre a quantidade usada do fluído e o dano ao meio ambiente e à saúde – isto é, pequenas quantidades podem ser muito devastadoras. De qualquer forma, mesmo sem sabermos quais são essas substâncias, já sabemos ao menos que o volume dos venenos injetados no subsolo americano pelo fracking é gigantesco. 

Sem dúvida tudo isso é um ataque sem precedentes das autoridades norte-americanas ao seu próprio território, cujas consequências em médio prazo podem ser bem maiores do que o outro ataque, aquele do Onze de Setembro de 2001. 

E é algo assim que estamos tentando evitar que aconteça no polígono de mais de 100 municípios, formado pelas cidades de Pitanga, Paranavaí, Toledo e Cascavel, na Bacia do Paraná e centenas de outros municípios do Brasil. Só que aqui, se deixarmos, se continuarmos assim, sem informar a população através de artigos, mensagens de email, de facebook, twiter, istagram, blogs e sites, esse coquetel de venenos será injetado sob a pressão de 5.000 atmosferas bem próximo do Aquífero Guarani. 

Se os paranaenses e os brasileiros de todos os estados permitirem, é claro.






Será que eles querem mesmo explorar gás ou na verdade querem é matar a agroindústria do Paraná?

Há alguns anos atrás, em vários estados do Brasil, representantes de empresas e cooperativas rurais norte-americanas visitaram o Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, com uma oferta curiosa. Davam dinheiro vivo, em quantidades muito significativas, para que os produtores destes estados deixassem de plantar apenas por um ano, em suas terras. Não tiveram muito sucesso e o Brasil superou a norte-americana na produção de soja e produtos da avicultura.

Curiosamente, a área a ser leiloada coincide exatamente com o maior polo de produção orgânica do país e uma das maiores regiões de produção de soja do mundo, que apresenta as maiores produtividades por hectare do planeta e concorre diretamente com a soja produzida nos Estados Unidos. Coincidência? Ou é mais uma tentativa de, além de tudo, embargar a nossa agroindústria, após constatarem sua contaminação com alguns dos 9 produtos cancerígenos da fórmula do fracking? Aos que ainda não estão acreditando, convidamos a olhar essa foto aérea do Texas. Percebem a quantidade de pontinhos brancos? Cada um é um poço. Porque tantos poços? Porque o gás e o óleo acabam em um ano e aí é preciso fazer outro ao lado, e mais outro, mais outro , mais outro...Se fosse algo normal, precisaria tanto furo à toa? Claro que não. 




 

    



Embora o fracking nunca não tenha sido testado no Brasil, a ANP, Agencia Nacional do Petróleo, vai “oferecer” em leilão em 28 de novembro próximo, no Rio de Janeiro, mais de 190.000 quilômetros quadrados de terras brasileiras de ótima qualidade agrícola e bastante povoadas, sem nenhuma licença prévia ambiental, baseando-se, segundo sua assessoria jurídica, na letra h) do inciso XIV do artigo 7º da Lei Complementar 140 de 2011.

Uma área maior do que Pernambuco e Rio de janeiro juntos, como já dissemos. E bem em cima da nossa maior riqueza, os nossos aquíferos, os maiores do mundo em volume de agua doce.
       

       

       

       

Nos Estados Unidos, a Pensilvânia, o Arizona, o Ohio, Colorado e vários estados americanos, agricultores enganados pela possibilidade de “ter petróleo na minha terra” já lamentam o fato, depois de presenciarem seus rios e a agua das suas torneiras pegando fogo. Isso acontece porque a água dos lençóis freáticos e aquíferos são contaminadas pelo metano, um gás que após as explosões, sobe do fundo da terra par a superfície e mistura-se com a água dos poços das casas, e se incendia facilmente quando se aproxima um fósforo aceso. Os efeitos da ingestão do metano diluído em água são gravíssimos para o sistema nervoso central, para o fígado e o coração, tendo produzido várias mortes e internamentos antes de que esses vazamentos do solo para a agua fossem descobertos. Isso porque o metano é inodoro, insosso e incolor.

        

         



Enquanto em Vermont e outros estados americanos já proibiram o fracking e em todo mundo levantam-se questionamentos seríssimos, aqui no Paraná, até a COPEL, a nossa COPEL, que em 2001 salvamos de ser vendida, já se inscreveu no leilão, como se fosse uma empresa estrangeira, habilitando-se a usar o fracking em cima do Aquifero Guarani, ao lado das terras dos seus consumidores, inclusive dos seus consumidores rurais. 

Isso é lamentável, pois mostra que para a nossa empresa estatal de energia, o negócio é como qualquer outro. E trata-se apenas de buscar o lucro fácil, ( o que não é verdade como se verá adiante ) não importando que tipo de prejuízo isso trará ao meio ambiente, aos agricultores paranaenses que são os donos da maior parte de suas ações, através do governo do Paraná. 

Veja aqui a lista das 18 empresas inscritas, entre elas a RWE, a COPEL e sua ex-subsidiária, a Tradener. 

A farsa do gás do fracking. “Gás de baixo custo” ou a próxima bolha econômica a explodir?

Chega a ser irônico que empresas como a Exxon Mobile, British Petroleum e a Shell já tenham abandonado esse método controverso, produzindo e publicando inúmeros relatórios revelando que o que ocorre depois da rápida queda de produção dos poços explorados pelo fracking, que em menos de um ano chegam a perder 80% de sua capacidade. Um fato que sem dúvida introduz custos adicionais extraordinários não computados nas enganosas avaliações econômicas baseadas apenas no aumento eventual do valor das ações das empresas que produzem o “coquetel de 609 venenos” e os equipamentos de perfuração horizontal.

Acontece que, após o fim da vida útil de um ano dos primeiros poços, ele já terá provocado tamanha poluição das águas e do solo, tamanho movimento de terra, de tráfego pesado, que isso já terá jogado lá embaixo o valor da terra necessária para sua expansão, fazendo o “esperto” arrendador cair em si e ver a bobagem que fez ao deixar o primeiro poço poluidor ser instalado... 

Aliás, como comparar os discutíveis “baixos custos de produção do gás de fracking” com os custos conhecidos da exploração de gás pelo método convencional, se no cálculo do custo do “fracking” as empresas não internalizam os custos ambientais e a queda vertiginosa do valor das propriedades rurais? 

Como seria possível, honesta e tecnicamente, comparar custos de coisas desiguais? No caso dos EUA, onde não é preciso obedecer a nenhuma regra ambiental devido à Lei das Exceções, fica muito fácil para eles anunciarem que o custo do “fracking” tem um custo inferior a 80% do gás convencional! Aliás, sem contar o custo dos pelo menos 10 milhões de litros de agua doce necessários para operar cada poço, fica fácil apresentar uma planilha de custos “baixos”! 

Sem contabilizar o custo de controle – quase impossível - do afloramento do gás que vem à superfície verticalmente por dentro da rocha e não pela tubulação, também é fácil chegar a “resultados” assim! E, sem contar as indenizações por morte de gado, de perda de colheitas, de doenças e mortes causadas pela ingestão de venenos e de metano diluídos na água, deve ser muito barato para os norte-americanos fazerem tão grande lambança, tão grandes estragos, uma vez que a Lei das Exceções, ao invés de proteger a vítima, acoberta e estimula a atividade predatória “em nome da independência energética e da segurança nacional”... 

E mais: sem contar aquilo que é importante para os proprietários rurais que sonham em “ficar ricos de uma hora para a outra” perceberem: o custo do gás de fracking parece baixo porque é calculado sem contar o valor real das áreas necessárias para a expansão dos poços! 

Acontece que, após o fim da vida útil de um ano dos primeiros poços, ele já terá provocado tamanha poluição das águas e do solo, tamanho movimento de terra, de tráfego pesado, que isso já terá jogado lá para baixo o valor da terra necessária para sua expansão, fazendo o “esperto” arrendador só cair em si e ver a bobagem que fez depois que deixar o primeiro poço poluidor ser instalado na sua área... 

A “bolha” do gás começa a estourar pelo lado econômico: surgem sinais de que as reservas foram infladas e os preços do gás do fracking artificialmente subavaliados. 
Cuidado COPEL! Cuidado Petrobras!

Além dos poços que deixam atrás de si uma paisagem desolada, com solo e água envenenados, pessoas doentes, terremotos em série e a terra valendo 5 a 10% do valor que tinha antes da chegada dos “exploradores”, relatórios financeiros de especialistas em bolsa de valores já mostram os enormes prejuízos econômicos para a empresa que explora o fracking, como pode ser visto neste artigo do Instituto de Assuntos Estratégicos de Brighton, Inglaterra, publicado no Le Monde Diplomatique do qual selecionamos alguns trechos, - especialmente para a leitura dos competentes profissionais da COPEL encarregados da análise da viabilidade econômica deste tipo de investimento:

“Em junho de 2011, uma pesquisa do New York Times já revelava algumas fissuras no arcabouço midiático-industrial do boom dos gases de xisto, atiçando assim as dúvidas alimentadas por diversos observadores – geólogos, advogados, analistas de mercado – quanto aos efeitos da publicidade das companhias petrolíferas, suspeitas de “superestimar deliberadamente", e mesmo ilegalmente, o rendimento de suas explorações e o volume de suas jazidas”.1 “A extração do gás do xisto existente no subsolo”, escreveu o jornal, “poderia se revelar menos fácil e mais cara do que afirmam as empresas, como se vê pelas centenas de e-mails e documentos trocados pelos industriais a esse respeito, além das análises dos dados recolhidos em milhares de poços.”

“Os especialistas em aplicações financeiras não se deixam enganar. “A economia do fraturamento é destrutiva, adverte o jornalista Wolf Richter na Business Insider.4 “A extração devora o capital a uma velocidade impressionante, deixando os exploradores sobre uma montanha de dívidas quando a produção cai. Para evitar que essa diminuição engula seus lucros, as companhias devem prosseguir bombeando, compensando poços esgotados com outros que se esgotarão amanhã. Cedo ou tarde esse esquema se choca com um muro, o muro da realidade.”

“Arthur Berman, um geólogo que trabalhou para a Amoco e a British Petroleum, confessa-se surpreso com o ritmo “incrivelmente acelerado” do esgotamento das jazidas. “O fracking é a próxima bolha a estourar”. E, dando como exemplo o sítio de Eagle Ford, no Texas – “É a mãe de todos os campos de óleo de xisto” –, revela que “a queda anual da produção ultrapassa os 42%”. Para garantir resultados estáveis, os exploradores terão de perfurar “quase mil poços suplementares, todos os anos, no mesmo sítio. Ou seja, uma despesa de US$ 10 bilhões a 12 bilhões por ano... Se somarmos tudo, isso equivale ao montante investido para salvar a indústria bancária em 2008. Onde arranjarão tanto dinheiro?”.5

“A bolha do gás já produziu seus primeiros efeitos sobre algumas das maiores empresas petrolíferas do planeta. Em junho último, o diretor-presidente da Exxon, Rex Tillerson, queixou-se de que a queda dos preços do gás natural nos Estados Unidos era sem dúvida uma boa notícia para os consumidores, mas uma maldição para sua companhia, vítima da diminuição drástica dos lucros. Se, diante dos acionistas, a Exxon continuava fingindo que não perdera um centavo por causa do gás, Tillerson desfiou um discurso quase lacrimoso diante do Council on Foreign Relations (CFR), um dos fóruns mais influentes do país: “Logo, logo, perderemos até as calças. Não ganhamos mais dinheiro. As contas estão no vermelho”.6

Mais ou menos na mesma ocasião, a companhia de gás britânica BG Group se via às voltas com “uma depreciação de seus ativos referentes ao gás natural norte-americano da ordem de US$ 1,3 bilhão”, sinônimo de queda sensível em seus lucros intermediários.7 Em 1º de novembro de 2012, depois que a empresa petrolífera Royal Dutch Shell amargou três trimestres de resultados medíocres, com uma perda acumulada de 24% em um ano, o serviço de informações da Dow Jones divulgou essa notícia funesta, alarmando-se com o “prejuízo” causado ao conjunto do setor de ações pela retração do gás de xisto.

Num estudo publicado pela revista Energy Police, a equipe de King chegou à conclusão de que a indústria petrolífera superestimou em um terço as reservas mundiais de energia fóssil. As jazidas ainda disponíveis não excederiam 850 bilhões de barris, enquanto as estimativas oficiais falam de mais ou menos 1,3 trilhão. Segundo os autores, “imensas quantidades de recursos fósseis permanecem nas profundezas da terra, mas o volume de petróleo explorável pelas tarifas que a economia mundial tem o costume de suportar é limitado, devendo além disso diminuir a curto prazo”.9

A despeito dos tesouros em gás arrancados do subsolo por fraturamento hidráulico, a diminuição das reservas existentes prossegue num ritmo estimado entre 4,5% e 6,7% por ano. King e seus colegas repelem, pois, categoricamente a ideia de que o boom dos gases de xisto poderá resolver a crise energética. Por sua vez, o analista financeiro Gail Tverberg lembra que a produção mundial de energias fósseis convencionais não aumentou depois de 2005. Essa estagnação, na qual ele vê uma das causas principais da crise de 2008 e 2009, anunciaria um declínio suscetível de agravar ainda mais a recessão atual – com ou sem gás de xisto.10 E não é tudo: numa pesquisa publicada em conjunto com o relatório da AIE, a New Economics Foundation (NEW) prevê que o pico do petróleo será alcançado em 2014 ou 2015, quando os gastos com a extração e o abastecimento “ultrapassarão o custo que as economias mundiais podem assumir sem causar danos irreparáveis às suas atividades”.11

“Mas e se a “revolução dos gases de xisto”, longe de robustecer uma economia mundial convalescente, inflar uma bolha especulativa prestes a explodir? A fragilidade da retomada, tanto quanto as experiências recentes, deveria convidar à prudência diante de tamanho entusiasmo. A economia espanhola, por exemplo, outrora tão próspera – quarta potência da zona do euro em 2008 –, está hoje em maus lençóis depois que a bolha imobiliária, à qual ela se agarrava cegamente, explodiu sem aviso prévio. A classe política não aprendeu muita coisa com a crise de 2008 e está a ponto de repetir os mesmos erros no campo das energias fósseis”.

Ouro negro dos tolos dura só um ano! Mas envenena a terra para sempre...

O calcanhar de Aquiles da viabilidade econômica do fracking é mostrado por este gráfico, fornecido pela própria ANP em sua apresentação no Senado, que ouviu mais de 10 entidades ligadas ao petróleo, mas nenhum órgão governamental do meio ambiente, de nenhum estado, nem do governo federal. 

É sem dúvida uma informação ruim sobre o negócio, que parece até ter sido fornecida previamente, como aviso, pela agencia reguladora aos que se aventurarem a ofertar lances no leilão do dia 28.

Um aviso que os investidores prudentes e cautelosos poderiam entender como: “Eles ( a ANP ) estão avisando previamente aos participantes dos riscos de queda de produção para que não possamos depois alegar que não recebemos informações sobre os riscos do negócio e pretender depois, levantar o dinheiro que foi ofertado nos lances”.

O gráfico em si só, já é desestimulante, até mesmo para um leigo. Vejam:



Ao lado desse gráfico, na apresentação da própria ANP, podem ser vistas estas palavras: “Vazão declinante”, “perfurações sucessivas”. 

Ou seja, quem ganha muito é quem fornece a tal formula venenosa, pois após um ano, cada poço precisa ser abandonado e cada poço precisa de 40 milhões de litros de agua doce para funcionar misturado aos venenos.

E onde a empresa vai buscar tanta agua doce para enfiar em cada poço, se só recupera 25 a 50% dela? Quanto ela pagará depois, ao agricultor, pelas áreas vizinhas, de que necessitará para os sucessivos poços, depois que as águas do lençol freático já estiveram contaminadas. No filme “Gasland” se vê claramente que já na segunda rodada de arrendamento, na região do pai do diretor do filme, esse preço foi de 20% do ofertado no primeiro poço...Claro, pois depois de envenenado o ambiente, para quem, além da empresa, irá conseguir vender sua terra o agricultor?? A ganância tem suas armadilhas...

Já imaginou isso aqui no Paraná, no seu quintal?

Quanto às perfurações sucessivas, a paisagem abaixo mostra o que isto significa na Pensilvânia. E mais imagens dessa insanidade e de seus efeitos pelo mundo podem ser observados aqui. A região parece com algumas regiões rurais que conhecemos bem, não é? Imagine, depois de três ou cinco anos, quanto valerá essa região?

Quanto às perfurações sucessivas, a paisagem da Pensilvânia, à esquerda e do Texas à direita dispensam explicações. 

Outras imagens dessa insanidade e de seus efeitos pelo mundo podem ser observados aqui. A região parece com algumas regiões rurais que conhecemos bem, não?


Ou seja, só quem ganha muito dinheiro é quem fornece a tal fórmula venenosa dos fluídos químicos tóxicos que são injetados nos poços, sem compromisso com as consequências, nem com os resultados econômicos.

Após um ano de exploração, cada poço aberto será abandonado, tendo antes consumido 40 milhões de litros de agua doce misturados aos venenos e recuperado apenas algo em torno de 16 milhões na forma de efluentes, os quais precisará ainda destinar corretamente para que não acabem escorrendo no solo, o que certamente não é uma operação barata nem para a empresa, nem para o Estado, que terá que monitorar e fiscalizar intensivamente, com recursos públicos (do contribuinte, é lógico), essas operações de transporte, tratamento e disposição final.

Que acham os nossos leitores? 

Que será que pensarão a respeito disso os nossos agricultores familiares, aqueles que se esforçaram durante anos para poderem obter certificação de produção de alimentos orgânicos, as populações indígenas já bastante vulneráveis, as populações urbanas e rurais que podem ser afetadas direta e indiretamente – e que não foram informados nem consultados? 

Vamos ganhar dinheiro fácil com o “gás de xisto” em nossas terras e acender charutos com notas de 100 dólares? 

Ou vamos ganhar algum trocado durante um ano e depois ter a nossa água contaminada, a produção agroindustrial embargada e as nossas terras valendo uma ninharia, pois quem vai querer comprar terras envenenadas, ameaçadas por terremotos, com poços contaminados e estradas por todo lado construídas para transportar óleo ou gás, pois, se o poço dura só um ano, qual seria a vantagem de construir oleodutos temporários? 

E as unidades de conservação ambiental? Como preservarão a fauna e a flora sem água?

O valor das audiências Públicas à beira-mar para evitar chamar a atenção dos possíveis prejudicados.

       

       

A sociedade paranaense não pode deixar de repudiar veementemente a “oferta” da ANP de trazer para cá o empobrecimento e a injustiça ambiental.

Só mesmo fazendo Audiências Públicas na beira-mar, bem longe, lá no Rio de Janeiro os senhores dirigentes da ANP poderiam pensar em ficar imunes das muitas críticas e questionamentos que iriam ouvir se fizessem essas audiências em Cascavel, Toledo, Mangueirinha, Tamarana, Marechal Candido Rondon...onde até nosso bom amigo o Wilmuth, iria ter muitas perguntas a fazer...

        

           

Que podemos fazer? Só reclamar e resmungar? 

Mais informações sobre o fracking e a tentativa de implantá-lo sem licença ambiental no Paraná estão reunidas neste site provisório, organizado pelas entidades ambientais como a “Toxisphera” e cidadãos que, sabendo do que se trata, tentam alertar a população e à sociedade do Paraná e do Brasil.

Temos uma vasta biblioteca de artigos científicos, técnicos, reportagens, vídeos e infogramas, que não existem ainda compilados, pois os possíveis interessados não foram nem de longe alertados pela ANP e pelos órgãos ambientais – e muito menos consultados - sobre o que se estará testando pela primeira vez no Brasil, onde o folhelho é completamente diferente do americano e os riscos de contaminação do maior aquífero da terra, o Guarani, que lá nos EUA não existe outro igual, são muito altos.




Além disso, entidades sindicais petroleiras como os Sindipetro de todo o país alertam empresários, trabalhadores, partidos políticos, advogados e magistrados para os riscos de mais essa aventura, a qual não precisamos implantar no Brasil já que temos grandes jazidas de gás e óleo que podem ser exploradas pelos métodos convencionais mais seguros de extração. E não através de um método ultrapassado, conhecido há mais de 40 anos, mas nunca usado antes devido aos graves impactos ambientais que provoca. E que só foi implantado nos EUA com a desculpa de que “estamos em guerra contra o terror e precisamos ficar independentes energeticamente, custe o que custar.”

 

 

Fracking “velho” e fracking “novo”, totalmente diferentes

David Manthos, em um artigo escrito neste mês de novembro de 2013, e publicado pela SkyTruth, conta um pouco da história do fracking: 

Em 1947, a Stanolind Oil—atualmente Halliburton—concluiu a sua primeira operação de fraturação hidráulica convencional usando 1.000 galões de água, substâncias químicas e areia para fraturar um poço raso no Kansas. Ao invés de jogar explosivos no poço como faziam os primeiros exploradores de petróleo na Pensilvânia, os perfuradores usaram um motor sobressalente de avião WWII como bomba para pressurizar o fluído do fracking e aplicar força hidráulica no calcário contendo metano. De acordo com uma patente protocolada em 1953, as primeiras fraturas usavam pressões tão baixas como 700 libras por polegada quadrada (psi). Isto explica muito da história do fracking, cujas pequenas operações que eram bem pouco percebidas depois de concluídas.

Em 1997, a Mitchell Energy concluiu as suas primeiras operações de fratura hidráulica de alto volume com fluído de baixa fricção usando uma média de 800.000 galões de fluído de fracking e 200.000 toneladas de areia em poços perfurados horizontalmente na Bacia de Xisto de Barnett, no Texas. Esta prática tem 16 anos de existência e representa muito mais precisamente o procedimento que vem recentemente captando gás natural em formações tais como a bacia de Xisto de Marcellus (Pensilvânia) e o óleo da Bacia de Xisto de Bakken. Nós nos referimos a este tipo de fracking como “fracking moderno.”

Diferentes de suas origens mais humildes, as operações de fracking moderno usam milhões de galões de fluídos bombeados a pressões tão altas como 15.000 psi para quebrar o xisto e as formações estreitas de arenito. Isto é mais do que 20 vezes a pressão e 800 vezes o volume das primeiras operações de fracking. O fracking moderno tem tanto em comum com as primeiras operações de fracking quanto um avião espião SR-71 Blackbird tem com um aeroplano Wright Flyer de 1903. Dessa forma os defensores do fracking moderno citam aquelas décadas de fracking antigo como prova de que o fracking moderno é seguro....

Silêncio e completa omissão no Paraná. 

Sobre o fracking no Paraná, há que lamentar por ultimo, o silêncio ensurdecedor por parte do IAP, da Secretaria do Meio Ambiente, do IBAMA, do Ministério Público Estadual, do Partido Verde, do Partido dos Trabalhadores que está no governo federal, do PSDB, que está no governo estadual. 

Mais ainda: precisamos lamentar a posição de organizações não-governamentais como o Greenpeace, que consultada, pediu apenas que a ANP retirasse a Bacia do Acre da lista dos blocos ofertados na 12ª Rodada, sugerindo que se ofertasse, exclusivamente, a Bacia do Paraná, sobre o Aquífero Guarani, e outras duas bacias do Parnaíba e São Francisco, também localizadas sobre aquíferos. 

Enquanto, no Brasil nossas autoridades se calam e não informam a população, nem as municipalidades, deixando os agricultores e avicultores entregues à própria sorte para negociar suas terras fertilíssimas com os “vendedores de ilusão” do petróleo e gás por um ano e arriscando-as a serem permanentemente envenenadas, na Nova Zelândia essas mesmas entidades ambientais, conhecidas mundialmente, mobilizam a população, inclusive os aborígenes maoris para combater até a perfuração em aguas profundas realizadas pela “Brazilian Oil Giant Petrobras”... Precisamos dizer mais alguma coisa?


Um reforço decisivo para o nosso time: o Papa diz “NO AL FRACKING”

No ultimo momento em que revisávamos esse artigo, acaba de chegar uma notícia: o Papa Francisco recebeu representantes das entidades ambientais argentinas e um dos procuradores gerais daquele país. A conversa girou sobre a contaminação da água e o Papa comunicou que está preparando uma encíclica sobre a natureza, os seres humanos e a poluição ambiental. Como uma imagem vale mais que mil palavras, o Papa demonstrou sua oposição ao fracking do gás de xisto e à contaminação da água causada pelos os mega-projetos de mineração posando para duas fotos com a camiseta “No al Fracking”.

Vamos ver agora quanto durará o silencio das nossas autoridades responsáveis pelo meio ambiente, pela agricultura, pela segurança alimentar, pelo saneamento, pela saúde pública e pelas políticas indigenistas frente ao Fracking...Vamos ver quanto tempo ainda estes dirigentes nos estados, nos municípios e na união continuarão achando que está tudo bem e que o fracking, que até sua santidade já condenou, é “do bem” e nos deixará a todos mais ricos, com mais empregos, acendendo charutos em notas de 100 dólares!

Vamos ver até quando nossos prefeitos e os nossos representantes nas Câmaras de Vereadores, nas Assembléias Legislativas, na Câmara Federal e no Senado irão fingir que não sabem nada do que está acontecendo e que acreditam em estórias da “carochinha” e nesse falso “milagre do ouro negro”, que dura só um ano e acaba, deixando a terra imprestável e comprometendo irrecuperavelmente os recursos hídricos pela contaminação química resultante do processo “milagroso”. E principalmente, quanto durará ainda a inação do ministério publico estadual e federal.

Agora é com a ANP o problema. Então a “briga é com cachorro grande”!

Será que não é atribuição do ministério público estadual atuar mesmo que “de ofício”, num caso escandaloso como esse, de sonegação de informações relevantes aos paranaenses e brasileiros, de violação evidente dos direitos humanos e de negação da participação dos paranaenses na tomada de decisões de assuntos que envolvem os seus interesses? 

Será que vamos permitir que o nosso setor agroindustrial e a população em geral sejam pressionados a tomarem uma decisão sem qualquer informação sobre arrendar suas terras ou vende-las para uma indústria condenada em todo o mundo? 

E quem vai defender que os direitos dos indígenas da etnia dos Xetás, quase extintos e cuja demarcação de suas terras se arrasta no Congresso Nacional desde 2000, para que estes direitos não sejam mais uma vez violados? O que será deles sem agua e sem terra para plantar ou para viver?

E os direitos dos agricultores familiares e orgânicos e agroecológicos? 

Quem vai defender o valor estratégico do Princípio da Precaução e exigir que seja aplicado na construção de políticas públicas responsáveis de proteção da nossa biodiversidade e da soberania nacional? 

A direção e os funcionários de carreira da COPEL nesse caso, têm uma grande responsabilidade diante de si de não permitir que a empresa, uma concessionária de controle estadual, entre nessa aventura sem maiores e conclusivos estudos sobre o assunto, no interesse do povo do Paraná, ao qual ela pertence. E sem divulgar esses estudos e consultar a população a qual tem o dever de servir. 

Com a palavra, os interessados, que como se sabe, precisam interessar-se. 

Vamos barrar o fracking, sim Senhor!

Várias entidades ambientalistas como a Toxisphera e o Fórum do Movimento Ambientalista do Paraná já estão buscando uma forma de reunir os interessados para promover um encontro contra o uso do fracking no Brasil. Visite nosso site provisório. 

Se você está entre os que sempre acharam exageradas as lutas ambientalistas, esperamos que esteja aberto para reconsiderar sua posição, pois essa é uma causa ambiental absolutamente sóbria, séria e urgente. E do interesse de todos que não pretendam que seus descendentes tomem apenas água mineral engarrafada e comam alimentos importados.

Se você quer ajudar, divulgue esse texto e escreva-nos um e-mail enviando seus contatos. Prometemos manter as informações chegando a você. Se você pode dedicar algum tempo à tradução de vídeos do inglês para o português, faça-nos saber! E se você faz música, poesias, pintura, escultura, dança, teatro ou é bom nas redes sociais, entre em contato e ponha em prática sua idéia! 

Afinal, se dependermos dos meios de divulgação oficiais como a TV Brasil, a Radio Estadual do Paraná e dos meios privados nos quais as gigantes do petróleo anunciam ao custo de bilhões por ano, ninguém vai ser informado, nenhum dado será revelado e quando os proprietários das áreas arrendadas perceberem o que aconteceu com elas, já será tarde. Se você é sócio de alguma associação ambiental, sindicato rural, de produtores, entre em contato conosco. E divulgue esse texto, que pode conter, mas também muita vontade de fazer a informação fluir. Em vários aspectos do fracking, que agora, você pode ajudar a expandir e detalhar.

Se você é um especialista em energia, geologia, saúde, qualidade da água, agricultura orgânica, petróleo, gás, energia elétrica, veterinária, exportações, agronegócio e não está de acordo com a forma apressada e superficial como esta questão do fracking está sendo conduzida no Brasil, procure sua entidade de classe, proponha este debate, entre em contato e envie-nos seu artigo técnico, sua opinião profissional.

Se você quer ajudar, mas falta inspiração por onde você pode começar a lutar, Sean Lennon e Yoko Ono podem dar uma boa contribuição, pois compuseram essa típica balada do Oeste americanoDont Frack my Mother” para colaborar com a campanha para que o governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, proíba de vez esse método inseguro, agressivo e perigoso. Que tal você a traduzir para nós?

Mas o melhor mesmo é aprendermos a tocar novamente esta aqui, Não podemos se entregar pros homens, com o saudoso Leopoldo Rassier, com letra de Humberto Zanatta, que melhor diz da bravura do homem do campo, que sabe que não tá morto, quem luta e quem peleia, pois lutar é a marca do campeiro.


*Diretora da TOXISPHERA Associação de Saúde Ambiental, ex-conselheira do CONAMA, Conselho Nacional do Meio Ambiente , representante do FBOMS Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Desenvolvimento Sustentável na CONASQ Comissão Nacional de Segurança Química, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente. zuleica.nycz@gmail.com

** Engenheiro eletricista, ex-diretor de Planejamento e de Distribuição da COPEL, ex-assessor técnico do Fórum Popular contra a Venda da Copel, presidente do Grupo Enercons Consultoria em Energias Renováveis. ivo@enerbios.com.br

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