A garantia de suprimento de energia para o mercado livre em 2015 tem preocupado grandes consumidores com contratos vencendo até o fim do ano. Eles dizem que há uma uma crise de lastro, provocada de um lado pela menor disponibilidade de energia para contratação e, de outro, por preços acima do limite aceitável.
A assessora jurídica da Associação Nacional de Consumidores de Energia, Mariana Amin, conta que associados da entidade não têm conseguido oferta no mercado com preços compativeis com a competitividade industrial. Ela atribui essa dificuldades a fatores como a situação climática, a especulação com a alta do preço da energia no mercado de curto prazo e a inclusão da energia existente das hidrelétricas em um sistema de cotas para o mercado regulado. Ainda assim, conclui, "a questão é preço, e não oferta."
Mariana Amin lembra que o prognóstico de alguns especialistas é de que os preços terão um acomodação de mercado nos próximos cinco anos, mas não necessariamente no ano que vem. Desse modo, mesmo que o próximo periodo chuvoso seja bom, as coisas não serão resolvidas em 2015. "A ideia da Anace é trabalhar com outras associações e agentes do mercado nesse momento em torno de uma solução conjunta para que a gente não entre numa crise pior."
A coordenadora de Energia Elétrica da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres, Camila Schoti, admite que existe preocupação com o fornecimento de energia para as indústrias que precisam contratar energia ou querem expandir a produção no ano que vem. "Ao mesmo tempo em que há dificuldade para encontrar energia, quando se encontra o preço é proibitivo", observa.
A Abrace identificou que existe um problema em potencial e, para entendê-lo melhor, avalia a possibilidade de contratar um estudo para identificar a real situação do balanço de lastro. A expectativa é de que o levantamento leve, pelo menos, 20 dias pra ficar pronto. Para Camila Schoti, o fato de o Preço de Liquidação das Diferenças ter atingido a cotação máxima serviu como referência para os contratos mais curtos; enquanto os valores da energia existente negociados no leilão A-0 do último dia 30 de abril pode estar interferindo no preços dos contratos mais longos.
O presidente executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, Reginaldo Medeiros, admite que o setor vive uma situação de escassez de energia e de preços bastantes elevados. Ele desconfia, porém que existe um certo componente de especulação de um minoria de agentes que apostou na manutenção de um PLD baixo, apesar da volatilidade dos preços. Segundo Medeiros, 60% dos consumidores que compram energia no mercado livre tem contratos superiores a cinco anos, enquanto apenas 10% fazem acordos inferiores a um ano.
Para o executivo da Abraceel, o cenário vivenciado atualmente tem situações previsíveis no modelo do setor elétrico. "O que poderia ter minorado a situação é se tivesse sido atendida aquela nossa reivindicação e os consumidores livre tivessem acesso a essa energia mais barata das concessões renovadas. Como isso não foi feito a situação é mais crítica no mercado livre por dificuldade de contratação", avalia.
Para o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica, Luiz Fernando Vianna, existe certa confusão na avaliação do cenário, porque há uma crise de contratos, não de lastro. Ele admite que com o PLD nos níveis atuais geradores que têm energia disponível como as estatais Cesp, Cemig e Copel preferem liquidar no curto prazo para aproveitar os preços. No ano que vem, várias concessões de usinas dessas empresas estarão vencidas e a energia entra no sistema de cotas do ambiente regulado e deixa definitivamente de estar disponivel também para o ambiente livre.
Vianna argumenta que os geradores resolveram negociar contratos no leilão A-0 porque o preço era bom e por um prazo de mais de cinco anos. Mas há uma outra explicação importante para a dificuldade de contratação, que é o receio dos geradores de ficarem sem alguma energia de reserva para se protegerem no caso de alguma eventualidade, em um cenário que aponta para o PLD e o GSF altos. "Aí voce corre o risco de ficar exposto", justifica o executivo.
Fonte: Canal Energia - 02/06/2014
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