Após um ano em que o cenário se mostrou contrário e os efeitos começaram a aparecer em forma de reajustes tarifários, em 2015 a conta de luz do brasileiro continuará a subir. As primeiras previsões
prevem uma alta de pelo menos 12%, mas novos cálculos do setor privado esperam um índice ainda mais agressivo: cerca de 30%. Entre os motivos para um aumento tão significativo estão a alta no valor da energia da usina de Itaipu, a mudança no preço-teto no mercado de curto prazo e as dívidas do setor elétrico que terão que ser repassadas ao consumidor comum.
A previsão é da empresa de consultoria PSR, que estima um reajuste de 29% durante o ano de 2015. Segundo informações publicadas pelo Valor Econômico, a consultora calcula que as faturas médias vão atingir R$ 444 por megawatt-hora (MWh), isso sem incluir ICMS e PIS-Cofins. “Um dado em particular chama a atenção: a maior parte dos componentes de custos que vamos pagar em 2015 ocorreu nos dois anos anteriores”, afirmou o engenheiro Mário Veiga, presidente da PSR.
“Isso mostra a importância de sinalizar a escassez na época em que ela está ocorrendo. Se os consumidores soubessem como estava cara a energia em 2013 e em 2014, muito possivelmente já teria havido uma redução espontânea do consumo, que seria boa tanto para o bolso de todos nós como para a segurança do abastecimento”, destacou Veiga, em entrevista ao Valor.
Esses custos citados pelo engenheiro dizem respeito, por exemplo, aos custos gerados pela “MP do Setor Elétrico”, que em 2012 diminuiu em 20% o valor médio da fatura. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), até o fim de 2014 aquela medida do governo deve gerar R$ 61 bilhões em dívidas que terão que ser pagas pelo consumidor. Também entra na conta os R$ 17,8 bilhões em empréstimos que foram feitos neste ano para socorrer as distribuidoras, que tiveram que recorrer ao mercado de curto prazo e às termelétricas por conta da crise hidrológica.
Com todo esse panorama estabelecido, é passível de questionamento algumas ações e medidas realizadas nos últimos anos e que trazem resultados significativos no atual momento. É o que fez o Ilumina (Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético), com base na reportagem “Contas de luz sobem quase 30% em 2015″ publicada pelo Valor Econômico nesta segunda-feira (15).
Confira o comentário feito pelo Ilumina sobre a reportagem “Contas de luz sobre quase 30% em 2015″:
O comentário do Dr. Mario Veiga chama a atenção de que os aumentos de 2015 são, na sua maioria, advindos de decisões de anos anteriores. Essa dependência com o passado é também observada quando se examina a formação de preços do sistema. Observem os 3 gráficos abaixo:
1 – Geração térmica (GWh) 2011 – 2014
3 – Disponibilidade de geração térmica por CVU (R$ / MWh)
É evidente que a situação atual é dependente do que ocorreu antes da MP 579 em setembro de 2012.
A – A formação de preços antes da MP 579, estranhamente, foi muito diferente da atual.
B – Parte das térmicas com preços abaixo de R$ 200/MWh não foram utilizadas.
C – Cerca de 60 TWh (25% da reserva total) poderiam estar armazenados nos nossos reservatórios caso a formação de preços fosse diferente.
D – O uso dessas térmicas mais baratas antes de setembro de 2012 poderia reduzir o custo de operação em cerca de 30%.
Parece que a “prudência” foi uma qualidade que faltou, não só nos sinais para o consumidor, mas também na operação do sistema. Ou se examina a fundo o modelo e seus preços ou permaneceremos com crises incontornáveis.
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